quarta-feira, 7 de maio de 2008

Conto do Padre

Do padre

Padre Eurípides já se impacientava. Os olhos passeavam pelas linhas da Bíblia, escorregando rumo a discreta porta lateral da capela e de lá para o relógio. Já fazia um quarto de hora que aguardava pela chegada de Eulálio.
- Ó senhor!
Depositou o livro sobre as coxas. A mão direita tateou, até achar o terço que repousava, desengonçado, sobre o comprido banco de madeira. Fechou os olhos e começou a murmurar alguma coisa, enquanto os dedos alisavam as contas do sagrado cordão. A porta lateral rangeu. Padre Eurípides se levantou com um salto. A Bíblia caiu.
-A pontualidade é uma virtude muito apreciada- repreendeu o sacerdote, com ar severo.
-Desculpe, padre. Mamãe demorou a dormir.
-Não tem problema.- Estudou o rapaz de cima a baixo.- Venha.- Pediu com delicadeza, estendendo os braços.
-Padre...
-Xxxiiiii... Não diga nada. Não é hora de falar- murmurou o padre, apertando Eulálio contra o corpo.- Porque demorou tanto?
-Mamãe...
-Xxxiiiii... Não fale. Não fale-apoiou a cabeça no ombro de sua querida tentação, tentando capturar todo frescor juvenil que exalava de seu pescoço. A voz estremeceu, embriagada pelo prazer. - Vamos para o altar.
-No altar?
-Não seja bobo- sorriu, segurando a mão de Eulálio.- Vem.
Chegando no último degrau pôs-se de quatro, descobrindo as nádegas brancas.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio desviou o olhar. Deparou-se com o cristo crucificado.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio pousou as mãos tremulas sobre as nádegas flácidas do padre.
-Vem! Vem!- Padre Eurípides virou a cabeça, fitando seu objeto de desejo. A suplica em seus olhos lhe dava um ar infantil.
-Ai, padre....
-Vem! Anda! Vem!
Eulálio abriu rapidamente o fechecler, descendo a causa até os joelhos. O membro, já meio endurecido, penetrou sem dificuldade no sacrossanto orifício. Padre Eurípides foi sacudido por bizarros frenesis. Começou a recordar os tempos de seminário. Do padre Francis. De como esse rigoroso mestre o introduziu nos mistérios da fé.
-Ah...Padre Francis...Ah...
-?
-Xxxiiiii... Não fala... Não fala.... -As lembranças o embalavam. Como era bondoso o padre Francis. Tão amigo. Tão paciente com os que ainda tinham tanto a aprender.- Vem Eulálio... Eulálio... Eulálio e Eurípides... Vem... Ah...Padre Francis... Oh...
O ritmo dos corpos acelerava. Padre Eurípides apertava os olhos, misturando passado e presente. Um estremecimento repentino jogou os corpos no chão. Após curto silêncio, os lábios do padre se entreabriram, deixando escapar um gemidinho agudo.
-O dinheiro está no lugar de sempre. Cuidado quando for. Ninguém pode ver.- A voz do padre saía ofegante.
Os olhos sacerdotais ainda estavam fechados. Eulálio aproveitou para apreciar um pouco mais aquela criatura dantesca, com que acabara tão bestialmente de se satisfazer. Não era só o padre que sentia prazer naquela atividade. Ele próprio já sentia falta daqueles encontros noturnos quando demoravam um pouco mais a acontecer. Mas o padre não poderia desconfiar, pois inventaria de não pagar e dinheiro era muito bem vindo.
Eulálio saiu em silêncio. Ao pegar o pagamento, aproveitou para levar uma garrafa de vinho pela metade que o sacerdote havia esquecido ali por perto. Ao passar pelo padre deitado no altar, pode escutá-lo sussurrar o nome do rigoroso padre Francis, com doçura angelical. Atravessou a porta por onde meia hora antes havia entrado. Subiu a rua tomando um gole do vinho, pensando que teria de acordar cedo para levar sua velha mãe a igreja, assistir a missa do santo padre Eurípides.
Autor: Fabio Barbosa

Um comentário:

Sankofa disse...

Seria muito bom se mais pessoas pudessem extrair com tanta veracidade o verdadeiro conteúdo dos sermões que os padres homo...quer dizer sodomitas católicos escondem !!!! Fogueira neles!!!